Me esqueci de quem já fui. Hoje pude olhar para trás e me reapresentar a mim mesma. Estranho tamanho espanto e até profunda admiração àquela garotinha cheia de potencial e talentos.
Ri bastante. Me emocionei. Pude relembrar que havia algo de extraordinário ali que foi esmagadoramente esquecido, enfraquecido e talvez até diluído.
Eu acreditava tanto em mim mesma - identificada ali até uma certa petulância adolescente - entretanto havia algo ali. Não sei se há... Queria que houvesse.
Eu conseguia transbordar quando escrevia, havia alma rasgada, exagerada, fluída. Era quase como respirar.
Havia poesia, estrofe e harmonia. Era como uma extensão de mim...Hoje me sinto amputada.
Minhas dores são mais profundas; minhas palavras são mais rasas.
Minha bagagem é maior assim como minha rigidez.
Eu transbordava sonhos e ambições, atualmente estou na reserva da vida.
Quem me dera ter um coração partido que rendesse aquelas belas palavras, já que no final das contas o saldo era positivo.
É preciso ter um coração para se ter o luxo de sofrer uma decepção.
Ah, como eu já chorei encima do teclado, com internet discada e um garoto apaixonado que eu achava que seria o ápice da minha vida. Hoje eu posso esboçar um sorriso com essa recordação que rendia as mais lindas poesias.
Me perdi de mim. Tentei hoje uma reconexão através das linhas, todavia percebi que por mais que eu estique o braço, ele nunca chegará ao passado.
Sou, hoje, casca oca que guarda a memória saudosa de uma jovem cheia de tudo.